Projeto brasileiro MyHealthData lança carteira de vacinação em blockchain

Hand pressing modern medical button
O projeto brasileiro MyHealthData, que tem como objetivo fornecer mais transparência e controle para dados médicos, anunciou nesta terça-feira, 02 de abril, o primeiro cartão de vacinaçãocriado em blockchain do Brasil.
E para falar mais sobre esse inovador lançamento, o CriptoFácil conversou com Valéria Queiroz, idealizadora e cofundadora do projeto. Ela explicou com mais detalhes como funciona o cartão e a proteção que ele dá aos pacientes.
Do papel ao hash
Quem já precisou se vacinar recentemente pode ter se deparado com um grande problema: conseguir encontrar o velho cartão de vacinação. Muitas pessoas simplesmente não possuem o documento original em casa – aquele que consta todas as vacinas tomadas desde a infância.
E quem precisa do documento e não consegue encontrá-lo pode enfrentar uma grande dor de cabeça. Afinal, o Brasil ainda não possui um sistema de registro eletrônico de vacinas ou prontuários médicos. Quem deseja pegar os registros de vacinas que tomou precisa ir até o posto onde foi vacinado, ou, na impossibilidade de fazê-lo, tomar as vacinas novamente.
E é justamente esses gastos de tempo e recursos do estado que, segundo Queiroz, a MyHealthData busca evitar com o cartão em blockchain.
“AO TERMOS UMA ÚNICA CARTEIRA, O PACIENTE NÃO TERÁ DUVIDAS DAS VACINAS QUE JÁ TOMOU E, PORTANTO, NÃO GERARÁ GASTO DUPLO AO ESTADO; ELE PODERÁ TRANSITAR EM QUALQUER PAÍS E LEVAR CONSIGO TODA A DOCUMENTAÇÃO ACERCA DE SUA IMUNIZAÇÃO. ENFIM, OS GANHOS SÃO ENORMES, TANTO PARA O PACIENTE, QUANTO PARA O ESTADO.”
Proteção de dados e backup contra perdas
Queiroz ressaltou que o projeto ainda está nos estágios iniciais. Uma vez finalizado, ele permitirá um maior controle ao paciente a respeito de seus dados e de quem poderá ter acesso aos mesmos.
“O PACIENTE É QUEM DETERMINARÁ QUEM FARÁ OS LANÇAMENTOS EM SEU CARTÃO DE VACINAÇÃO: OU ELE PRÓPRIO, OU UM TERCEIRO, DESDE O PRÓPRIO PACIENTE DELEGUE A ELE ESTE PODER. ESTE É O FUNDAMENTO DE TODA E QUALQUER APLICAÇÃO QUE VENHA A RODAR NO MYHEALTHDATA, O PACIENTE É O SOBERANO DETENTOR DE SEUS DADOS”, EXPLICOU.
A proteção dos dados será feita através de contratos inteligentes (smart contracts) – a MyHealthData em si é, na verdade, um contrato feito na rede Ethereum.
“AS REGRAS ESTÃO TODAS ESTABELECIDAS NO SMARTCONTRACT E, PARA TANTO, O PACIENTE, SENDO O ÚNICO DETENTOR DE SUA CHAVE PRIVADA”, AFIRMOU QUEIROZ.
Uma outra facilidade do registro de vacinas em blockchain é ter uma segunda cópia das vacinas. Com isso, o paciente pode utilizar o registro da MyHealthData para comprovar as vacinas tomadas e retirar uma cópia do documento de vacinação oficial.
“SE EU PERDER MEU DOCUMENTO OFICIAL, PODEREI RECORRER À MINHA VIA ELETRÔNICA E OBTER TODAS AS INFORMAÇÕES DE DATA, LOCAL, FABRICANTE, LOTE, DENTRE OUTROS, QUE POSSIBILITEM A OBTENÇÃO DE UMA SEGUNDA VIA DESTE DOCUMENTO OFICIAL”, DESTACOU QUEIROZ.
Homologação oficial
Por estar ainda nos estágios iniciais, o MyHealthData precisará de homologação dos órgãos oficiais de saúde brasileiros para poder obter o status de documento oficial para seu registro de vacinas. E sua cofundadora se mostra otimista com isso.
“ACREDITAMOS QUE, COM SEU USO E AO SE OBSERVAR OS INÚMEROS BENEFÍCIOS DE IMUTABILIDADE, CONFIANÇA E PERENIDADE QUE A BLOCKCHAIN PODERÁ GARANTIR A TAIS REGISTROS, PODERÁ HAVER ADESÃO DE ÓRGÃOS DE TODO O MUNDO. A CARTEIRA DE VACINAÇÃO QUE GERAMOS TEVE COMO REFERÊNCIA O MODELO UTILIZADO PELA OMS. É IMPORTANTE RESSALTAR O GANHO QUE UMA CARTEIRA DE VACINAÇÃO UNIVERSAL PODE ASSEGURAR AO SISTEMA DE SAÚDE DO MUNDO INTEIRO.”
Valéria Queiroz também falou sobre os custos de uso do serviço – que já está em funcionamento parcial. Atualmente, o custo de registro é apenas a taxa de mineração da Ethereum, porém outros custos estão sendo analisados.
“AINDA NÃO PODEMOS AFIRMAR SE HAVERÁ TAIS CUSTOS E QUAIS SERIAM, POIS ESTAMOS EM FASE DE ESTUDO E ANÁLISE DA MELHOR VIABILIDADE ECONÔMICA POSSÍVEL. NOSSO INTUITO É DISPONIBILIZAR UMA FERRAMENTA O MAIS DEMOCRÁTICA POSSÍVEL, QUE GERE INCLUSÃO E, PARA TANTO, BUSCAREMOS TODAS AS ALTERNATIVAS PARA GERAR O MENOR CUSTO POSSÍVEL”, FINALIZOU.
Enquanto a carteira de vacinação ainda não está disponível ao público, sua interface pode ser vista através deste link. Lá é possível inserir dados básicos do paciente e já listar as vacinas tomadas (apenas algumas estão disponíveis), fazendo o registro em blockchain.